‘Autocuidado como ferramenta de resistência’ é tema de debate público em Recife

Lutar por uma sociedade mais justa, democrática e igualitária exige muita energia e firmeza. E enquanto debates e discussões sobre questões sociais urgentes não podem parar, pessoas envolvidas em diferentes movimentos correm o risco de não priorizarem suas próprias dores, medos e necessidades individuais.

Como equilibrar essa balança? Para refletir sobre esse assunto, Recife recebe no dia 1 de junho um debate público com o tema “Autocuidado como ferramenta de resistência”, às 18h, na região central da cidade.

Promovido pelo projeto Usina de Valores, a mesa será composta por Ronilso Pacheco, teólogo, escritor e membro do coletivo Nuvem Negra São Paulo; Lana de Souza, comunicadora popular e cofundadora do Coletivo Papo Reto, no Rio de Janeiro, e Cleia Santos, integrante do Espaço Mulher Passarinho, do Fórum de Mulheres de Pernambuco.

Um dos valores que norteia a atividade é o Bem-Viver, que foi definido por Pacheco, durante o evento de lançamento do Usina de Valores, em março de 2018, como um conceito que só pode ser praticado a partir “daqueles que foram colocados à margem de uma vida que valha a pena viver”.

“O Bem-Viver, assim como a ideia da solidariedade familiar, é uma resistência dos povos indígenas, é uma resistência dos povos da América Latina, que foram impossibilitados de entrar no grande salão de festas do chamado ‘mundo desenvolvido’. Que alimentaram durante anos e décadas a possibilidade de entrar nesse lugar privilegiado de ‘primeiro mundo’  e nunca colocaram os pés nesse lugar. Isso tudo é repensado a partir da ideia do Bem-Viver, a ideia da solidariedade familiar, a ideia do Bem-Viver africano”.

E em uma perspectiva complementar, Lana de Souza, que é uma das articuladores do projeto no Rio de Janeiro, disse em uma entrevista recente ao Usina de Valores que 2018, para ela, tem sido o ano de buscar e cultivar o Bem-Viver e que “cuidar dos nossos não pode ser menos importante do que ir a um protesto”.

“Se ouvir e se entender é tão importante quanto ir para um ato, levantar uma bandeira e gritar palavras de ordem, sabe? Eu acho que tem o mesmo peso, a mesma importância. Porque se a gente não faz um, não dá para fazer o outro. Ou faremos só por um tempo e vai chegar uma hora que não conseguiremos fazer nenhum dos dois”, ressaltou.

Ela afirmou que, de uns anos para cá, tem escutado mais pessoas falarem sobre a importância do autocuidado para prosseguir com mais equilíbrio. Mesmo assim, este é um item que ainda fica em segundo plano.

“A Mari (Marielle Franco) foi assassinada e, de lá para cá, o que a gente mais tem visto é a nossa galera, principalmente as mulheres pretas, falando: ‘caraca, a gente tem que se cuidar’. Sabe? O nosso corpo precisa se cuidar, a nossa mente precisa se cuidar. Uma galera ficou com medo de continuar, uma galera repensou se fazia sentido seguir lutando por direitos pelo fato da Mari ter sido assassinada e pelo o que ela representava. Então eu acho que a gente não está mais no momento de ficar dizendo: “ah, depois eu penso nisso”.

E aí, vamos conversar sobre autocuidado?

Serviço
Debate público: Autocuidado como ferramenta de resistência
Horário: 18h
Local:  Av. Dantas Barreto 324, Santo Antonio – Edf. Pernambuco, 10 andar

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