Maternidade e ativismo: mulheres lutam contra desigualdade por seus filhos

No mês de julho, o terceiro encontro do curso  Usina de Valores (RJ): Direitos Humanos Entre Becos e Vielas, no Complexo do Alemão, recebeu quatro mulheres moradoras de diferentes regiões do Rio de Janeiro para compartilharem suas histórias de ativismo.

Monica Cunha, fundadora do Movimento Moleque, Eliene Maria e Ana Paula Oliveira, ambas integrante do grupo Mães de Manguinhos e da Rede de  Comunidade e Movimentos Contra a Violência, e Teresa Farias, moradora do Complexo do Alemão, contaram aos participantes do curso como a maternidade e o luto, a partir de um determinado momento, se transformaram em luta por direitos humanos.

As quatro têm algo em comum: Monica, Ana Paula e Tereza perderam os filhos por ações de agentes do estado. Eliene tem um filho cumprindo medidas socioeducativas que já foi vítima de outros tipos de violência.

No depoimento de cada convidada, no papel de mãe e ativista, fica evidente o quanto as experiências de violência apresentadas são semelhantes em dois aspectos: racial e de classe. “Na hora de acertar as contas o que conta é a cor da sua pele. Não é onde você mora só. Se você morar na favela dá uma piorada boa, mas primeiramente é a cor da tua pele”, disse Monica.

O objetivo do educador e gestor do curso, Alan Brum, foi provocar os alunos sobre como a necessidade de lutar por justiça e igualdade de direitos, por vezes, bate à porta. Além disso, os depoimentos mostram o quanto o cotidiano de luto e luta está próximo dos territórios periféricos.

“A proximidade do perfil dessas de outras naquela sala ou em qualquer outra, em qualquer favela e periferia do Rio de Janeiro ou de outro estado do país, deixa evidente a política racista da (in)segurança pública e o projeto de genocídio da população negra e pobre de forma sistemática”, comentou sobre a troca de experiência durante o encontro.

Mais violência

Segundo o Observatório da Intervenção, que divulgou uma análise da operação desde o seu início, em fevereiro de 2018, até abril, a violência na cidade aumentou após a entrada do exército.  Foram 965 homicídios dolosos, 310 homicídios classificados como “oposição à intervenção policial” e 32 agentes do estado mortos: 31 policiais e 1 militar.

O bairro da Rocinha, ainda de acordo o relatório, foi a região que mais sofreu operações, com 15 em três meses. Vila Kennedy e Cidade de Deus aparecem em seguida, com 9 e 7 operações, respectivamente.

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