A comunicação popular e seu papel para a garantia dos direitos
Por David Amen
Fazer comunicação social com um recorte para assuntos comunitários e populares é um ato de muita importância. Afinal, os pontos que ligam esta necessidade têm a ver com o enfrentamento necessário aos meios de comunicação tradicionais que, em muitos casos, ditam formas de agir socialmente, chegando a ferir os Direitos Humanos Sociais.
Estes recursos se agravam ainda mais quando se trata das Favelas, onde as colocações midiáticas permeiam entre criminalização e o espetáculo sensacionalista. É, de fato, necessário haver uma disputa pela narrativa a fim de romper com a hegemonia de uma oratória preconceituosa que tanto afeta vidas humanas.
Trabalhar em cima deste contexto nas oficinas do Projeto Usinas de Valores é algo que nos encoraja para uma sensibilidade ainda maior com relação ao modelo de comunicação já estabelecido. É por onde podemos caminhar até alcançar metas capazes de expor valores que formam verdadeiramente uma sociedade mais justa.
Portanto, trabalhar Direitos Humanos e Comunicação Social em um mesmo ambiente de formação, com um público incrivelmente envolvido e atuante, cria uma centralidade forte no campo das lutas em torno das políticas sociais, o que contribui para instrumentalizar maciçamente estes grupos.
Não se trata apenas de um espaço com dinâmicas acadêmicas, ou de militância, mas um ambiente onde a atenção maior é o fator “troca”, que desenvolve o conhecimento coletiva e organicamente.
A partir do envolvimento de todas e todos ficou perceptível que, potencializando este tipo de ação, podemos fortalecer o engajamento de homens e mulheres ao enfrentamento a quaisquer formas de exclusões sociais ou violações de Direitos. Temos a possibilidade de reverter os quadros se apropriando e subvertendo a linguagem que os meios de comunicação de massa utilizam.
SOMOS MÍDIA
Atualmente, temos à nossa disposição altos níveis de ferramentas instrumentais que possibilitam a produção e disseminação de informações com conteúdos de interesse público, preocupados em instigar o senso crítico nas pessoas, principalmente àquelas mais distantes.
É nisso que devemos nos atentar, sermos propositivos(as) até que chegue ao fim o sufocamento das vozes periféricas, faveladas e populares. Vamos utilizar as mídias a nosso favor e encontrar novas formas de resistência, se reinventar a partir da produção comunicacional.
Trabalhamos com componentes estimulantes para a reflexão sobre os conceitos e práticas no ramo da Comunicação. Devemos ampliar o foco, tal como amplificar o tom de enfrentamento e mudança que emana das ações produzidas pelos coletivos, grupos e organizações – principalmente de jovens – que dedicam suas vidas ao encantamento que é a importância de ser o protagonista de uma história e mensageiro dela. É aqui que deciframos todo o sentido real no ato de comunicar em prol dos direitos humanos, pelas lutas populares.
Que assim seja. Que todo trabalho com tais princípios seja próspero. Podemos melhorar nossa situação se multiplicarmos nossas ideias e todo nosso modo de fazer. É fundamental compartilhar os saberes para construir ideais renovadores para uma sociedade menos injusta com os mais pobres, por exemplo. Temos as ferramentas certas disponíveis para serem usadas por mãos e mentes municiadas de informações capazes de comunicar e garantir dignidade humana.
Não estamos aqui apenas para preencher lacunas resultadas de uma gestão Pública instável, em falência estrutural ou criadas pelos setores das mídias hegemônicas. Somos ferramentas estratégicas do modelo de nação que almejamos e, por isso, devemos atuar na contramão da sociedade do espetáculo.
Seremos a revolução por meio da linguagem e da mobilização social que nossos canais e instrumentos de comunicação causarão, no espaço de tempo apropriado, nas vidas de indivíduos por trazermos à tona temas ainda invisibilizados pela superestrutura política que rege os nossos.
Avante.
*DAVID AMEN é produtor de comunicação do Instituto Raízes em Movimento, localizado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.