Começou! Mais 16 grupos iniciam formação de educação popular em direitos humanos

Por Usina de Valores | 26 de março de 2025 |

Com parceria de entidades locais e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, metodologia do Instituto Vladimir Herzog para engajamento comunitário será desenvolvida em periferias urbanas de seis estados

Em março, 16 grupos de periferias urbanas em seis estados iniciam o percurso formativo da Usina de Valores, metodologia de educação popular em direitos humanos que fortalece o engajamento comunitário. Os novos grupos somam-se a outros seis que terminam atualmente a etapa final da formação, realizando mobilizações em seus territórios. Para que as ações formativas se iniciem nos novos lugares, o Instituto Vladimir Herzog realizou uma etapa de articulação em cada local, mapeando contextos e firmando parcerias locais. Também foram realizadas imersões com as equipes que desenvolverão a metodologia nos diferentes territórios, sempre a partir das potencialidades de cada um. 

Os novos territórios, cada um com duas turmas, são Guarulhos (SP), região metropolitana do Vale do Itajaí (SC), Belo Horizonte (MG), Rocinha e Providência (RJ), Vitória (ES), Recife (PE), Zona Norte de São Paulo (SP) e Zona Leste de São Paulo (SP). 

No total, o projeto está atuando em 21 territórios simultaneamente, somando os novos grupos aos demais em formação desde junho de 2024.

Com o mapeamento da realidade de cada um deles, foi possível firmar parcerias com organizações locais estratégicas fundamentais para o desenvolvimento da metodologia e, junto a elas, construir o público dos grupos a serem formados, seja por lideranças comunitárias, seja por educadores ou outros agentes envolvidos na defesa de direitos. As parcerias locais já desenvolvem sólida atuação na defesa de direitos com diversos públicos. Conheça elas:

Usina de Valores: Transformação social por meio da participação 

Usina de Valores é uma metodologia de educação popular em direitos humanos em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O percurso formativo propõe práticas voltadas para o pertencimento, convivência democrática e participação ativa para disseminar os valores dos direitos humanos no cotidiano para que a sociedade civil “seja capaz de identificar anseios e demandas, transformando-as em conquistas”, como propõe o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH). 

A metodologia chega em cada um dos locais com a expectativa de fortalecer e apoiar iniciativas já existentes, potencializando as ações e a trajetória consolidada de grupos de ativistas do território. Até setembro, cada grupo deve realizar dez encontros, que incluem as dimensões de integração, tematização e mobilização. A proposta é que, até o final da situação formativa, os grupos tenham se consolidado enquanto coletivo e se mobilizado em torno do problema coletivamente identificado através do desenvolvimento de um Plano de Ação. 

Encontro formativo realizado no Recife (PE) em 2024. Foto: Bruno Carvalho.

“Somente se reconhecendo pertencente a um grupo, em uma experiência de convivência democrática, que é possível se reconhecer como sujeito de direito e se engajar numa causa coletiva”, pontua Renata Aquino, coordenadora de educação popular em direitos humanos do Instituto Vladimir Herzog.

Para isso, a formação não propõe apenas aprendizados conceituais, mas principalmente a vivência dos valores dos direitos humanos, como equidade, cooperação e justiça. A metodologia foi vivenciada pelas equipes de educadores para que possam reproduzi-la nos territórios. “Me sinto acolhida, pertencente a um grupo com objetivos em comum, empolgada pra levar pra minha comunidade”, pontuou Lorena, educadora de Belo Horizonte, durante a formação com outros educadores. Kambandô, que passa a atuar como mobilizadora da zona norte de São Paulo, acredita que a metodologia Usina de Valores possa fortalecer sua atuação pessoal e sua relação com o próprio território: “Me sinto nutrida e provocada a conhecer mais”. 

Grupos mobilizados

Além dos 16 novos territórios que começam agora a integração, cinco turmas finalizam sua última etapa do processo formativo neste semestre: Duque de Caxias/RJ, São Paulo/SP, Vitória/ES, Recife/PE e Belém/PA. 

Enquanto jovens do Recife realizaram exibições do curta “Águas que Arrebentam”, que denuncia o racismo ambiental no bairro do Ibura, mulheres de Duque de Caxias ocuparam a cidade através de um circuito de vivências que destacou a história e a identidade negra afro-brasileira conectando as participantes a questões de memória, gênero e direitos humanos. 

Em Vitória, o grupo de trabalhadores do Instituto Gênesis promoveu uma campanha pelo novembro azul e discussões sobre desigualdade de gênero no cotidiano profissional em diferentes macrorregiões. Em São Paulo, as crianças e adolescentes atendidas pela Associação Santo Agostinho (ASA) propuseram um Manual Antirracista como forma de enfrentar o racismo e garantir o direito de todos ao acesso aos espaços urbanos, que foi entregue após uma caminhada pelo território e uma apresentação cênica. 

Já em Belém, foram realizadas ações de mobilização na Escola Vanda Célia, no Conjunto Habitacional Quinta dos Paricás, para aproximar as escolas envolvidas e fortalecer o vínculo com a comunidade em torno dos direitos humanos e na superação de desafios que afetam a Dignidade Humana e o Bem-Viver da comunidade. O Coletivo de Mulheres Empreendedoras se comprometeu a desenvolver atividades formativas, reforçando a importância de um projeto coletivo voltado à Sustentabilidade, que valorize os saberes e vivências locais. Agora, com o término do percurso formativo, os grupos consolidados passam a atuar de maneira autônoma a partir das estratégias e planos desenvolvidos durante os encontros da Usina de Valores.

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