Construindo um bairro com direitos: Conheça a Ação Comunitária e o Fórum de Cidade Tiradentes, SP
Entidades são parceiras territoriais do Usina de Valores em São Paulo
A Ação Comunitária e o Fórum em Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes se fortalecem, com a atuação de pessoas como o educador social Junior, para construir também cidadania, direitos e laços comunitários em Cidade Tiradentes.
Um bairro não se faz apenas com suas construções físicas. É o que prova a história da Ação Comunitária Senhor Santo Cristo, diretamente ligada à ocupação desastrada de Cidade Tiradentes, distrito no extremo leste de São Paulo que cresceu sem estruturas adequadas a partir do maior conjunto habitacional da América Latina, a Cohab de Cidade Tiradentes.
Hoje uma Organização da Sociedade Civil (OSC), a Ação Comunitária oferece diversas ações de apoio a jovens e famílias, sendo referência fundamental na região para orientação em situações de vulnerabilidade e na luta por direitos, ao lado do Fórum de Defesa dos Direitos Humanos de Criança e Adolescente – Cidade Tiradentes, um espaço que a entidade constrói e integra há 20 anos.
A Ação Comunitária foi criada pela religiosa irmã Catarina Albertini em 1986 para ocupar um lugar ocioso da Cohab, dois anos após a entrega dos primeiros apartamentos. A ideia era destinar o equipamento até então vazio para uso da comunidade, a princípio com aulas de corte e costura, datilografia, crochê, tricô, bordado e reforço escolar, depois balé e capoeira para crianças, sempre ministradas por voluntários. Mas o crescimento populacional intenso e falta de estrutura no novo distrito acabaram levando à ampliação dos trabalhos.
“A região onde está instalada a OSC, distrito Cidade Tiradentes, é resultado direto do processo de industrialização do País, especialmente da expansão urbana de São Paulo”, conta Fernando Antonio dos Santos Junior, educador social, articulador de ações pedagógicas da Ação Comunitária e um dos primeiros conselheiros tutelares do bairro. Conhecido ali apenas por Junior, ele explica que a criação da Cohab acabou incentivando a ocupação da região “sem o devido planejamento, investimento e aportes para desenvolvimento econômico e social”.
Com isso, os serviços prestados pela OSC foram, gradativamente, direcionados à família e aos direitos fundamentais da criança e do adolescente, com enorme dedicação dele, que encontra tempo para atuar também como diretor de formação na Associação Paulistana de Conselheiros e Ex-Conselheiros Tutelares (APCT).
A Ação Comunitária Senhor Santo Cristo atende diretamente 150 famílias em atividades regulares como cursos profissionalizantes, formações de direitos humanos, cine-pipoca, festa das crianças, almoços em datas comemorativas, apadrinhamento de Natal, marmita solidária e atendimento social, além de sediar o grupo por moradia “Esperançar”.
O local possui uma relação de forte confiança com a comunidade. Devido ao trabalho constante ao longo de décadas, é referência para as famílias em busca de orientações, encaminhamentos e esclarecimentos, especialmente sobre direitos de crianças e adolescentes. Isso mantém Junior muito próximo e participativo no Fórum de Defesa dos Direitos Humanos de Criança e Adolescente – Cidade Tiradentes, que ajudou a criar em 2002, quando fez parte da primeira gestão de conselheiros tutelares no distrito. O fórum é um importante espaço de articulação entre movimentos, lideranças e poder público na região.
As trajetórias destas entidades evidenciam que uma cidade não se constrói apenas com terrenos e prédios. A Ação Comunitária e o Fórum em Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes se fortalecem, com a atuação de pessoas como Junior, para construir também cidadania, direitos e laços comunitários em Cidade Tiradentes.
Em parceria com a Ação Comunitária Senhor Santo Cristo, o Usina de Valores realizou em São Paulo diversas ações formativas ao longo de 2022, como o curso de direitos humanos, as oficinas “Conselho Tutelar e o Sistema de Garantia de Direitos” e de slam “Inovar, manifestar e protestar”.
Uma belíssima experiência de mobilização do direito a cidade, que precisa ser mais conhecida no Brasil e no mundo e que inspire outras grandes experiências.