Jesus e os Direitos Humanos
Quando lançamos este livro em dezembro de 2018, tínhamos a certeza de que os anos seguintes não seriam fáceis. De lá até aqui vivemos momentos de profunda desesperança. A pobreza e o desemprego avançaram e a violência, em especial contra os pobres, as populações negras e indígenas, as mulheres e a população LGBTI+, foram naturalizadas e tidas como funcionamento "normal" das instituições e das sociabilidades. Testemunhamos o enfraquecimento da já frágil democracia brasileira e a normalização de discursos de ódio. Certamente o ódio circula livremente nas veias abertas do Brasil. Flui como um rio de sangue cuja fonte nunca deixou de ser a casa-grande.
Ocorre que, embora as previsões fossem de catástrofe e deserto absoluto, nós tínhamos esperança de que era possível trabalhar com a comunidade evangélica no sentido de estreitar as relações entre Bíblia e Direitos Humanos.
Certamente nossa esperança não foi em vão. O livro Jesus e os Direitos Humanos foi sucesso total. Foram 3.000 exemplares distribuídos em todas as regiões do Brasil. O sucesso de seu lançamento e os inúmeros pedidos chegando de diferentes locais do país, alterou o projeto inicial (o livro impresso) ensejando a criação de dois produtos online: uma versão ebook, voltada especificamente para leitura em celular; e outra, para leitura em computadores e tablets, e também voltado para a impressão caseira.
Além disso, o livro Jesus e os Direitos Humanos virou material de apoio para samba-enredo de uma escola de samba carioca no carnaval de 2020. Recebemos, ainda, um convite para publicação do livro na Argentina. Enfim, muitas repercussões, possibilidades, oportunidades e, principalmente, diálogos profundos. Somos muito gratos pelo acolhimento do livro e pelas inúmeras possibilidades que se abriram.
Assim sendo, tal como a esperança nos animou em 2018 com o lançamento do livro, também nos enchemos dela com esta nova edição. Temos esperança porque embora nosso cotidiano seja marcado por dor e sofrimento; pela sequidão que mata de sede e fome; pela quentura das balas que o Estado segue atirando no povo preto e favelado; por quase nunca vislumbrarmos oásis de alívio; pelas noites frias dos muitos e muitas que não tem seu direito humano reconhecido; o deserto, na tradição cristã, nunca foi um destino, apenas uma passagem.
Façamos essa travessia!