Direitos humanos para todos os humanos (ou deveriam ser)
Por Layane Coelho
A pronúncia da palavra “direitos” evoca alguns sentimentos dependendo do emissor e do receptor da mensagem. Para determinados indivíduos ela causa repulsa, principalmente quando seu histórico como cidadão ou cidadã está relacionado à falta de acesso a esses direitos. Existem, porém, aqueles que possuem suas necessidades e dignidade vastamente garantidas, sendo assim, sua percepção é positiva.
A diferença entre o entendimento do que são os direitos humanos está ligada à forma como as pessoas recebem as informações e com suas vivências. Segundo a definição da ONU, “os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação”.
Percebe-se, entretanto, que o direito à vida, por exemplo, na sociedade brasileira, não inclui todos os indivíduos. A cor da pele, a classe social, o sexo, são alguns fatores que estão diretamente ligados a garantia ou não desse direito. De acordo com os dados do Atlas da Violência 2018, a taxa de homicídios da população negra aumentou 23,1% entre 2006 e 2016, já a de indivíduos não negros diminuiu 6,8%.
Ainda de acordo com o Atlas, neste período de dez anos, o índice de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. A análise dessas informações contribui para a compreensão de que alguns corpos são “matáveis”, ou seja, a morte de um indivíduo negro não causa espanto porque há uma discrepância entre a valorização da vida. E, quando há indignação, certamente, é porque foi comprovada a inocência.
Os direitos humanos, para uma grande parcela da população, são incompreensíveis, isso devido à falta de diálogo sobre o tema. Dessa maneira, percebe-se, frequentemente, o discurso de “bandido bom é bandido morto”, “os defensores dos direitos humanos são chatos”, etc. Julgar uma pessoa que tem esse discurso é um ato falho, até porque a pauta não é tratada na maioria das escolas, por exemplo.
É preciso evidenciar que os direitos são para todos e não está restrito a um grupo de humanos, ou pelo menos não deveria estar. Por isso, iniciativas como a Usina de Valores são extremamente importantes para a sociedade. A atuação do projeto facilita a compreensão do tema, além de contribuir para a formação de espaços sociais mais justos, respeitosos e abertos ao diálogo.
A seleção dos participantes do curso, realizada pela equipe do Usinas, auxiliou no processo de formação, já que cada um colaborou com seus conhecimentos. As diferenças de idades, locais de moradias, profissões e etc… permitiram uma troca enriquecedora de saberes, a diversidade foi celebrada.
A partir da experiência no projeto, me tornei uma cidadã melhor, pois apliquei na minha vida os conteúdos absorvidos no curso. Dentre os cincos valores: Bem Viver, Escuta Ativa, Coexistir na Diferença, Engajamento Político e Dignidade Humana, percebi que o exercício da escuta foi o que mais pratiquei, mas, sem deixar, é claro, de expor os meus pontos de vista e falar que os direitos humanos são para todos os humanos.
*Este conteúdo foi escrito de forma espontânea por alunos do Usina de Valores no Rio de Janeiro.
Parabéns, adorei o texto!