Vivenciar para aprender: Novos/as integrantes das equipes Usina de Valores são formados/as em integração

Metodologia do Instituto Vladimir Herzog para engajamento político nos territórios aposta na aprendizagem por meio da vivência, o que se dá desde a formação de suas equipes 

Quais as suas primeiras lembranças de fazer algo coletivamente? É grande a variedade de histórias que vêm à tona a partir desta pergunta. Um time de vôlei que devolveu autoestima a jovens num território estigmatizado, um mutirão com vizinhos que resolveu problemas de lixo na rua, um grupo de garotas que reivindicou providências contra assédio na escola, uma comunidade que conseguiu uma cisterna e por aí vai. 

Em outubro, a pergunta disparadora fez parte das atividades de formação de novos/as integrantes das equipes de percursos que usam a Usina de Valores, metodologia de educação popular em direitos humanos do Instituto Vladimir Herzog. Por meio de diferentes projetos, a metodologia passa a ser desenvolvida no segundo semestre de 2024 em 21 territórios simultaneamente – eram cinco até julho -, em nove cidades de sete estados (Pará, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina). Daí a necessidade de integração de novas pessoas que conduzirão os processos a partir das equipes centrais.

Aprendizagem por meio da vivência 

A ativação de memórias de cuidado e participação política compõe uma das atividades iniciais propostas pela metodologia Usina de Valores nos territórios onde se desenvolve. A mesma atividade foi proposta aos/às novos/as integrantes da equipe, que costuraram uma colcha de retalhos narrando e unindo suas lembranças. 

Isso porque a metodologia aposta na aprendizagem por meio da vivência, o que se dá desde a formação de suas equipes centrais e segue como numa “corrente”: as equipes centrais propiciam a formação de equipes que irão desenvolver a metodologia nos territórios, que, por sua vez, são responsáveis pela formação dos/as participantes nos territórios – público-alvo da metodologia -, com objetivo de que estes/as participantes possam “multiplicar” a aprendizagem da cidadania ativa em suas comunidades.

Encontro Imersão Usina de Valores | Crédito da Foto – Reprodução

Promover engajamento político

A atividade  da colcha de retalhos é ponto inicial para sensibilização sobre a promoção do engajamento político, objetivo da metodologia

“Ativar a memória de que a coletividade produziu conquistas é importante para nos apropriarmos da crença no coletivo, especialmente em uma sociedade centrada no individualismo”, explica Renata Aquino, coordenadora do Instituto Vladimir Herzog para ações de educação em direitos humanos no âmbito da educação não formal. 

Esse é o horizonte apontado pelo Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), que orienta ações para “disseminação de valores solidários, cooperativos e de justiça social, uma vez que o processo de democratização requer o fortalecimento da sociedade civil, a fim de que seja capaz de identificar anseios e demandas, transformando-as em conquistas”.

Segundo o documento nacional que norteia a atuação do Instituto Vladimir Herzog , a educação em direitos humanos no âmbito não-formal configura-se como “um permanente processo de sensibilização e formação de consciência crítica, direcionada para o encaminhamento de reivindicações e a formulação de propostas para as políticas públicas”.

Constituição de grupos coesos

Renata Aquino explica que, para isso, os primeiros encontros de sensibilização propostos pela metodologia focam na constituição de grupos coesos, com valorização das subjetividades e, ao mesmo tempo, identificação de propósitos comuns

“Espera-se, com o encontro de sensibilização, um senso de pertencimento fortalecido, à medida que as histórias individuais formam parte de um todo maior. Isso é essencial para seguir o percurso, que possui ainda etapas de tematização e mobilização”.

A integração das equipes durou quatro dias, seguindo o mesmo percurso orientado pela metodologia nos territórios de atuação: após a sensibilização, contou com tematização sobre educação em direitos humanos, estudo dos planos de trabalho a serem seguidos e com a mobilização, etapa em que uma agenda é combinada para  que os compromissos coletivos possam se efetivar. Os atuais projetos em execução que usam a metodologia Usina de Valores seguem até setembro de 2025, alcançando mais de 3.500 pessoas como público direto nos territórios.

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