Em SP, terceiro encontro do curso debate sobre oportunidades de diálogo
No último dia 16 de junho aconteceu mais uma edição do curso Usina de Valores , no Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Campo Limpo (CDHEP). Os convidados deste encontro foram Sabrina Paroli, educadora no Núcleo Comunitário de Justiça e Prática Restaurativa e Tony Marlon, jornalista e idealizador do Historiorama. O tema foi: Oportunidades de diálogo no conflito de valores.
A abertura ficou por conta de Paroli, que trouxe técnicas circulares para que cada participante pudesse mergulhar em suas individualidades e, assim, encontrar a humanidade em si e no outro. Regras como confidencialidade, fala em primeira pessoa e o respeito ao objeto de fala, que determina quem deve falar enquanto todos escutam, foram alguns dos norteadores da atividade.
Para Katia Flora, um dos momentos mais preciosos dessa dinâmica foi quando a facilitadora convidou os integrantes da roda a escolherem uma mestra ou um mestre que tenha sido inspiração para os valores que cada um e cada uma carrega até hoje. “Eu nunca falo muito do meu avô e poder falar sobre ele foi muito especial para mim. Ele foi o meu grande mestre”.
A primeira parte da formação foi essencial para para a discussão proposta por Tony Marlon na sequência. Ele buscou evidenciar o quanto estamos próximos de pessoas que, de maneira geral, não concordam com nossas posições. Mas, para Marlon, Coexistir na Diferença significa, também, não apagar o contexto do outro.
Além disso, ele incentivou que os participantes busquem identificar as semelhanças com o outro. Por vezes, podemos adotar estratégicas diferentes para um mesmo fim, mas o objetivo final é o mesmo.
Essa posição dialoga bastante com a fala de Henrique Vieira, pastor, teólogo, ator e conselheiro do Instituto Vladimir Herzog, no lançamento do Usina de Valores. Em sua fala, eles destacou que “para desestruturar o modo fascista de ser não é apenas com ódio. O que não significa não ter firmeza, deixar de ter posição. Mas encontrar os dispositivos artísticos, lúdicos, poéticos, teatrais, dialogais que abrem o afeto e trazem a pessoa para este ambiente do encontro e não do confronto”.
Katia Flora, que tem acompanhado todas as edições do curso, dividiu com o grupo o exemplo de um primo seu. A escolha eleitoral dele, em sua opinião, não é a mais ideal. Pela perspectiva do jovem, o pré-candidato Bolsonaro seria o mais adequado para solucionar a questão da segurança pública.
Usando esse gancho como exemplo, Marlon questionou para o grupo quem também gostaria de se sentir mais seguro. E todas e todos disseram que sim.
“É inegável que queremos mais segurança. A diferença é que parte da população quer segurança com respeito às pessoas e outra parte da população quer segurança a qualquer custo. E essas pessoas pensam diferente de mim. Mas no fundo no fundo queremos a mesma coisa, mas com estratégias diferentes”, explicou.
Para saber mais sobre a formação, assista ao vídeo abaixo.
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