Dedicação para defender os direitos humanos desde os anos 1980: Conheça o CDDH da Serra

Entidade é parceira territorial do Usina de Valores na Grande Vitória

Mesmo num período de dificuldades e incertezas, a atuação segue firme com as parcerias consolidadas, a legitimidade com demais movimentos locais e enorme dedicação dos voluntários

O CDDH tem sua origem no início dos anos 1980, quando Serra (ES) estabeleceu-se como um polo industrial e, por consequência, um local onde aconteciam muitas violações à vida de trabalhadores. Inicialmente uma comissão dentro da Igreja Católica, o centro se expandiu e se regulamentou em 1984, a partir de um acidente que amputou trabalhadoras em máquina prensadora e exigiu bastante mobilização.

Desde então, o CDDH tem atuação consolidada na defesa de direitos humanos, na criação de soluções como fomento ao cooperativismo e formação de lideranças. “Caminhamos lado a lado a vários grupos de luta, sejam ligados à Igreja, a outras religiões, movimentos populares, sindicatos”, explica Galdene Conceição dos Santos, coordenadora financeira do CDHH. 

“Por maiores que sejam as dificuldades, ainda temos algo que consideramos da maior potência para nós e para qualquer organização, que é a articulação e a mobilização”

Ao longo das décadas, o centro se reinventa para defender os direitos humanos em diferentes contextos históricos, inclusive no difícil cenário recente. Se, diante do desemprego nos anos 1990, atuou fortemente no fomento à economia solidária e formação das lideranças sindicais, nos anos 2000 se dedicou especialmente às associações de bairro. Nos anos 2010, destacou-se na articulação por dignidade à população carcerária e, atualmente, desenvolve proteção a lideranças de direitos humanos.

O CDDH levou ao direito internacional duas situações graves no Espírito Santo, em parceria com a organização Justiça Global. O caso do presídio de Novo Horizonte, na Serra, que mantinha detentos em contêineres, chegou à Genebra, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em 2010, e terminou com a desativação dos contêineres naquele ano. Já uma série de violências e abusos no sistema socioeducativo do Espírito Santo seguem cobradas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com acompanhamento do CDDH. 

Graças ao trabalho voluntário de ativistas, a organização compõe conselhos municipais e estaduais, ocupando as presidências das Comissões de Direitos Humanos da Serra e do Espírito Santo. Articuladores se dividem para enfrentar um período de intensificação de diferentes violações, como a violência contra a mulher e as ações policiais arbitrárias na Grande Vitória. Também está no foco o apoio a comunidades quilombolas no norte do estado, com visitas e análise de risco, tendo em vista as ameaças que enfrentam na defesa pela terra.

A preservação da vida de lideranças é uma das grandes questões atuais. “Sempre tivemos preocupação com lideranças assassinadas e hoje passamos por um governo que legitima essas mortes”, pontua Galdene, voluntária no CDDH há mais de 30 anos. Desde 2008, a organização se dedica à criação, proposição e execução de programas de proteção às lideranças de direitos humanos.

Mesmo num período de dificuldades e incertezas, com a falta de financiamento fixo e problemas de estrutura na sede, de onde foram roubados equipamentos e fiação elétrica, a atuação segue firme com as parcerias consolidadas, a legitimidade com demais movimentos locais e enorme dedicação dos voluntários. “Por maiores que sejam as dificuldades, ainda temos algo que consideramos da maior potência para nós e para qualquer organização, que é a articulação e a mobilização”, finaliza Galdene.

Em parceria com o CDDH, o Usina de Valores realizou na Grande Vitória diversas atividades formativas de Educação em Direitos Humanos ao longo de 2022, como o curso de direitos humanos e oficinas

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