[Insurgentes memórias ancestrais]

Ensaio fotográfico aborda práticas políticas e poéticas insurgentes presentes na cidade e em rituais de fé. A fotógrafa Josiane Santana, autora do ensaio e que foi participante do projeto Usina de Valores no Rio de Janeiro, “acredita que a fotografia é uma ferramenta poderosa para derrubar esteriótipos e preconceitos do imaginário popular, e partir disto, construir novas narrativas contra-hegemônicas, potencializar, resgatar memórias e transformar as histórias desses territórios.”

Memória ancestral é parte intrínseca de quem nós fomos, somos e gostaríamos de nos tornar, é um mergulho em águas não conhecidas, é tecer narrativas de lugares antes invizibilizados como nos diz o ditado africano: até que as leoas inventem as suas próprias histórias, os caçadores serão sempre os heróis das narrativas de caça.

Tal compreensão traz energia aos movimentos que fazemos na ânsia de saber das histórias que compõem nosso infinito particular a partir de coletividades e subjetividades ancestrais marcadas e ameaçadas pela colonização, escravização, cristianização e globalização.

Os caminhos da memória ancestral percorridos por pessoas racializadas: indígenes, negres e não brancos manteve-se e se mantém enquanto re(e)xistência apesar dos processos de colonização e escravização constituídos enquanto projeto civilizatório do ocidente impostos primeiro às Populações Originárias Pindorâmicas (Parentes), e em seguidas às Populações Negras Africanas traficadas de Mãe ÁFRICA

Tais processos deixaram hiatos, buracos, ausências, violações e violências que acompanharam nossos antepassados e acompanham em banzo novas gerações em diásporas.

Caminhar diasporicamente é, sobretudo remontar tecidos e retalhos de memórias ancestrais, é trazer à tona após mergulho: os cheiros, os cantos, as cores, os sabores, os sons, as imagens, os sonhos e o pulsar dos nossos espíritos territoriais e assim traçar rotas que nos apresentem as encruzilhadas e deste modo, nos tragam possibilidades de transitar entre o passado, presente e o futurar em nosso tempo_______________________________________________

E, neste trânsito fluxo lançamos mão da arte, das espiritualidades, das cosmovisões e meios de interpretações de mundos não dadas pela colonização. Mas, sim pelo movimento ancestral feito pelas diversidades humanos em busca da conexão com suas partes constitutivamente sagradas, considerando sobretudo que este movimento respeite, celebre as diversidades das práticas de fé.

Considerando assim a presença de divindades, deidades como ESÚ, NHANDERÜ,YESHUA HAMASHIA a nos acompanhar nos caminhos do movimento que garimpa a falta daquilo que nos foge à memória, a fim de riscar em nosso corpo território, no tempo, no céu, no fogo, na terra, nas águas, florestas, e no ar sinais, sentidos que nos façam dançar, festejar e transcender em companhia das divindades a tecer ancestralidades.

Fotos Por Josiane Santana: Jornalista, fotógrafa popular, mãe, feminista e moradora do Complexo do Alemão. Atua na fotografia documental desde 2013 e faz parte do coletivo de fotógrafos Favelagrafia. Seus registros são focados nas documentações fotográficas da vida cotidiana e cultural das favelas cariocas.


Texto por Deise Pimenta: Paruara, Poeta remendada, Tembé Tenetehar, Assistente Social, Especialista em Políticas Publicas em Direitos Humanos, Mestranda pela UFRJ 2020, Educadora no Projeto Usina de Valores e construo o Coletivo Transamazônidas.

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