O Fanzine como disseminador de informações revolucionárias offline

por Aline Rodrigues, do Periferia em Movimento

“Direitos humanos não é de esquerda, muito menos de direita”, começa Roger BeatJesus do Sarau Comics Edition, em uma roda de conversa na oficina “Fanzinando ideias em Direitos Humanos” realizada em julho pelo Usina de Valores.

O objetivo do encontro feito no Galpão Cultural Humbalada, no Extremo Sul de São Paulo, era discutir direitos humanos e experimentar fazer uma comunicação sobre eles de fácil compreensão. Bem como a educadora do Usina Estela Cândido disse, “tem que falar a linguagem do menino para que ele entenda. Deixar o conceito para os acadêmicos”.

Em um país onde o acesso efetivo aos direitos é privilégio, para maioria que quer alcançá-los precisa de muita luta e é essencial descobrir formas alternativas e sustentáveis de fazer circular informações importantes para que todas e todos saibam que os direitos são para toda sociedade.

“A gente já existia, já tinha que morar, já tinha direito a água, a gente já tinha acesso a tudo isso. Aí o Estado foi tirando isso da gente. Para você ter direto a casa você tem que ter um papel que mostra que você tem direito àquilo, pra poder ter acesso a água você precisa ter o papel que mostra que você pagou a conta de água. Para você poder existir você precisa de um papel que mostra que você existe”, reflete o arte-educador e participante da oficina Juliano Angelin que trouxe um olhar a mais para a conversa sobre os direitos.

Mas, para o que está garantido no papel, nas leis, como colocar em uma linguagem mais acessível? Como desburocratizar e simplificar os direitos humanos para que o menino entenda? Foi o que os participantes fizeram nos dois dias de muita prática. “Direitos humanos é um tema que sempre precisamos conversar em várias linguagens”, defende a participante Estefani Cândido. Para inspirar a produção dos fanzines, além das conversas, o oficineiro Roger exibiu o clipe Manifestação, que marca os 57 anos de fundação da Anistia Internacional Brasil e os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Cada participante ficou responsável por uma página que compôs um grande fanzine e após toda a produção ficou evidente o poder de comunicar que todos têm nas mãos, bastando ter uma boa informação somada a recortes, papel e cola.

E como esse processo simples é uma revolução por meio da arte. “É bem mais provocador que fazer textão no facebook”, concluíram os participantes.

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